O Nike+ é uma ferramente bem animal para corredores terem todos os
detalhes de seus percursos. Mas e o resto de sua vida além de correr? E
se o Nike+ pudesse salvar a trajetória de todo o resto? É o que o novo
Nike+ Fuelband faz, uma evolução do Nike+ em uma pulseira no estilo da
Livestrong, quer fazer.
A ideia de usar algo para anotar todas as
suas atividades físicas durante o dia não é exatamente nova. A Fitbits
fez isso com algum sucesso, a Jawbone falhou absurdamente na mesma ideia e há diversos outros relógios especiais
que você pode encontrar com facilidade. Mas o Nike+ Fuelband é um
brinquedo diferente, já que a ideia é prover um formato simples de
mensuração para todo tipo de atividade. Como ele funciona?
Ele não conta passos. Ele não marca quilômetros. O truque do Nike+ Fuelband é que ele usa a “cinética do oxigênio” para descobrir quanto de oxigênio você está usando e traduz a entrada e saída em uma “medida universal” batizada de Nikefuel. Todos, seja você um jogador de basquete, de futebol ou um jogador de jogos de PC, podem ser medidos com o Nikefuel. Quanto mais atividades você fizer durante o dia, mais Nikefuels você ganha por dia. A Nike diz que correlacionou a entrada de oxigênio com atividades físicas específicas e encontraram uma forma de traduzir isso para o Nikefuel. Trata-se basicamente de um algoritmo esperto e exclusivo da Nike que coloca todos na mesma unidade de medida.




A
Fuelband parece uma versão anabolizada da pulseira Livestrong. Ela
conta com acelerômetro de três eixos para rastrear os movimentos, luzes
de LED que mostram seu progresso em comparação com seu objetivo
(vermelho é ruim, verde é bom), mostra o tempo e tem uma esperta porta
USB escondida. Tudo é controlado por um botão, o que faz o Fuelband bem
fácil de usar. Ele se conecta ao iPhone via Bluetooth e ao webapp do
Nike+ quando você liga a pulseira via cabo. Quando eu a coloquei no
pulso, achei bem confortável — surpreendentemente descolado e leve no
pulso e fácil de usar (a magia de um só botão). A Nike diz que a bateria
deve durar 4 dias por carga e que ela conversa bem com apps como
Facebook, Foursquare e Path. A Fuelband custará US$150 e começa a ser
entregue no dia 22 de fevereiro.
É uma ideia bem esperta!
Balancear as diferenças de várias atividades (corrida, bicicleta etc.)
pode criar um símbolo para melhorar todas as atividades, já que você
está em busca de um mesmo objetivo — no caso, o benchmark Nikefuel. A
Nike acredita que a vida é um esporte, que cada humano é um atleta e que
tudo pode ser mensurável. Estou bem curioso para ver quantos Nikefuel
eu ganharei por surfar na web. [Nike]
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P I R A T A R I A
O governo americano, com a ajuda da polícia de outros países, fechou o Megaupload.com com o espetáculo de um cybertira em um dia de fúria. Mas por que o Megaupload? E por que agora? Há vários outros serviços de armazenamento que não se importam com o tipo de conteúdo que você coloca lá: HulkShare, MediaFire, YouSendIt e 4shared (este, mais popular no Brasil que o MU). Todos eles são exemplos clássicos de compartilhamento na internet e funcionavam mais ou menos do mesmo jeito. Bom, em parte porque eles são menores globalmente que o Megaupload, e também porque eles são mais espertos (vide a mudança do modus operandi nos últimos dias). Mas principalmente porque eles não operam como chefões do narcotráfico com total desprezo pela lei.
As 72 páginas de relatório do inquérito instaurado pelo Departamento de Justiça dos EUA contra o Megaupload – ou, como é chamado no documento, a “Mega Conspiração” – ilumina uma operação que envolve muito dinheiro, opulência e desleixo. A turma da Mega Conspiração – que se espalhava por continentes e era liderada pelo playboy-gordinho-milionário-golpista Kim Dotcom – era abertamente rica por causa de música protegida por copyright, e tiravam onda disso. Eles eram claros em suas intenções de extrair dinheiro de episódios dos Simpsons e discos do 50 Cent, recompensando os seus usuários que mais subiam conteúdo pirata, lavando dinheiro através do site, e gastando o dinheiro das formas mais evidentes possíveis.
E os agentes federais têm provas de tudo isso.
De todas as coisas que ajudaram a pintar um alvo gigantesco nas costas do Megaupload, a mais óbvia foi o seu tamanho. O Megaupload está longe de ser um site qualquer; ele consumiu incríveis 4% de todo o tráfego da internet com seus 50 milhões de visitantes diários. Havia outros lugares para acertar a flechada, mas o Megaupload era o centro do alvo do tamanho de um prato, brilhante: eles ganhavam milhões sem muito esforço, apenas com publicidade, e supostamente teriam causado prejuízos de US$ 500 milhões (é bem comum o MPAA inflar este número, de todo modo). A Mega Conspiração parecia ser boa demais pra ser verdade, ao menos para os seus donos.
O volume absurdo de dados e dinheiro já era suficiente para chamar a atenção da Força Tarefa de Propriedade Intelectual do Departamento de Justiça; a partir daí, não foi difícil de fazer os agentes federais arregalarem os olhos. O site não tinha palavras piscando “COMPARTILHE SUAS COISAS PIRATAS COM A GENTE”, mas seus motivos eram claros. De acordo com o indiciamento, o site queria boas e variadas coisas pirateadas. O documento chega a concluir que o Mega sabia que tinha vídeos e músicas que infringiam direitos autorais em seus servidores, e queria que isso fosse baixado o máximo de vezes possível, para gerar mais receita publicitária. Então eles subornaram os usuários para fazerem isso para eles, de acordo com o relatório:
O inquérito chega a descrever como o dinheiro era espalhado pela presença internacional do Megaupload, com milhões de dólares sendo transferidos entre Hong Kong, EUA, Europa e Nova Zelândia. Um pedaço desse dinheiro voltou para crescer a operação do Megaupload, ou foi usado para pagar os super-usuários. A Mega grana também serviu como uma prática maneira de lavar dinheiro, como o departamento de justiça acusa claramente no inquérito.
Além de tudo isso, um pedaço grande do dinheiro foi simplesmente pro bolso dos caras. Só em 2010, Kim Dotcom, o fundador cruzamento de Dr. Robotnik com Larry Flint, embolsou US$ 42 milhões. O seu apreço por mulheres, coisas muito caras e excesso é bem documentada. No fim do ano passado, na sua tentativa de convencer (ou subornar) as autoridades da Nova Zelândia do seu direito de comprar a mansão que morava, ele investiu 500 mil dólares em fogos de artifício para a cidade de Auckland. Só porque ele podia. Aos olhos da polícia, ele era um bandido que fazia questão de aparecer demais. E se você está se coçando para punir alguém pela pirataria, por que ir atrás de mais um nerdzinho por trás do qualquercoisashare quando você pode pegar o figurão lavando dinheiro ao redor do mundo e comprando seu próprio show de fogos de artifício?
E mesmo assim, a história de pirataria do Megaupload rolava há tempos, e o materialismo obeso de Dotcom já tinha alguns anos de história. Por que semana passada? A jornalista Molly Wood, da CNET, tem uma teoria meio conspiratória que parece fazer sentido. Obviamente, está relacionada ao SOPA. As fontes dele disseram que a operação tinha como um dos focos despertar a ira do Anonymous e mostrar como é necessário policiar os “cyberterroristas”. Armadilha ou não, o Anonymous agiu, derrubando sites pelo mundo.
UPDATE: Há uma outra teoria, aparentemente mais crível: as gravadoras teriam se sentido ameaçadas pelo anúncio do MegaBox, um serviço de download legal de música anunciado por Kim Dotcom em dezembro. A estratégia do serviço seria dar 90% do dinheiro pago pelo download diretamente ao artista (em vez de 70% pago à gravadora, no caso do iTunes) e ainda uma parte da grana arrecadada com publicidade provinda dos downloads piratas. A história parecia boa demais para ser verdade (especialmente pela escolha de “parceiros” sem consentimento deles) e não foi recebida com muita empolgação nem pelos próprios artistas, receosos pela, digamos, “falta de transparência” e passado de Kim, como se pode ver por essa discussão no Digital Music News. Ainda assim, teoricamente é algo assustador para a indústria: um serviço com um alcance gigantesco, dando mais dinheiro para os artistas. Se isso seria o catalisador para dar cabo a uma ação sendo ensaiada há dois anos? Difícil dizer, mas é mais uma teoria.
Independentemente de qual a teoria correta, os agentes da justiça – especialmente os que tem como missão zelar pela propriedade intelectual – querem mais poder para matar sites como o Megaupload. Parece que eles não conseguirão através de novas leis, então pintar um alvo de uma maneira bastante pública e dramática é uma boa maneira de dizer “ei, nós não precisamos dessa sua sopa!”
Se este é o caso, o Departamento de Justiça deve estar sendo sufocado pela ironia. A destruição do Megaupload sem o SOPA prova quão fora de propósito era a lei pra início de conversa. Estes últimos dias são os “dias da guerra do copyright”, mas a decisão de explodir o rei da violação de direitos autorais de maneira tão espetacular apenas prova o quanto que a justiça não precisa de bombas maiores.
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P I R A T A R I A
Por que fecharam o Megaupload? E por que agora?

O governo americano, com a ajuda da polícia de outros países, fechou o Megaupload.com com o espetáculo de um cybertira em um dia de fúria. Mas por que o Megaupload? E por que agora? Há vários outros serviços de armazenamento que não se importam com o tipo de conteúdo que você coloca lá: HulkShare, MediaFire, YouSendIt e 4shared (este, mais popular no Brasil que o MU). Todos eles são exemplos clássicos de compartilhamento na internet e funcionavam mais ou menos do mesmo jeito. Bom, em parte porque eles são menores globalmente que o Megaupload, e também porque eles são mais espertos (vide a mudança do modus operandi nos últimos dias). Mas principalmente porque eles não operam como chefões do narcotráfico com total desprezo pela lei.
As 72 páginas de relatório do inquérito instaurado pelo Departamento de Justiça dos EUA contra o Megaupload – ou, como é chamado no documento, a “Mega Conspiração” – ilumina uma operação que envolve muito dinheiro, opulência e desleixo. A turma da Mega Conspiração – que se espalhava por continentes e era liderada pelo playboy-gordinho-milionário-golpista Kim Dotcom – era abertamente rica por causa de música protegida por copyright, e tiravam onda disso. Eles eram claros em suas intenções de extrair dinheiro de episódios dos Simpsons e discos do 50 Cent, recompensando os seus usuários que mais subiam conteúdo pirata, lavando dinheiro através do site, e gastando o dinheiro das formas mais evidentes possíveis.
E os agentes federais têm provas de tudo isso.
De todas as coisas que ajudaram a pintar um alvo gigantesco nas costas do Megaupload, a mais óbvia foi o seu tamanho. O Megaupload está longe de ser um site qualquer; ele consumiu incríveis 4% de todo o tráfego da internet com seus 50 milhões de visitantes diários. Havia outros lugares para acertar a flechada, mas o Megaupload era o centro do alvo do tamanho de um prato, brilhante: eles ganhavam milhões sem muito esforço, apenas com publicidade, e supostamente teriam causado prejuízos de US$ 500 milhões (é bem comum o MPAA inflar este número, de todo modo). A Mega Conspiração parecia ser boa demais pra ser verdade, ao menos para os seus donos.
O volume absurdo de dados e dinheiro já era suficiente para chamar a atenção da Força Tarefa de Propriedade Intelectual do Departamento de Justiça; a partir daí, não foi difícil de fazer os agentes federais arregalarem os olhos. O site não tinha palavras piscando “COMPARTILHE SUAS COISAS PIRATAS COM A GENTE”, mas seus motivos eram claros. De acordo com o indiciamento, o site queria boas e variadas coisas pirateadas. O documento chega a concluir que o Mega sabia que tinha vídeos e músicas que infringiam direitos autorais em seus servidores, e queria que isso fosse baixado o máximo de vezes possível, para gerar mais receita publicitária. Então eles subornaram os usuários para fazerem isso para eles, de acordo com o relatório:
A Mega Conspiração realmente ofereceu incentivos financeiros para os usuários premium postarem seus links em outros sites através do programa “Uploader Rewards”, que garantiu a vasta distribuição dos links do Megaupload.com através da internet e um inventário de conteúdo popular nos servidores da Mega Conspiração.Os benefícios eram entregues em forma de upgrades de conta premium, que permitiam download mais rápido e, em alguns casos, dinheiro. Grana de verdade.
O inquérito chega a descrever como o dinheiro era espalhado pela presença internacional do Megaupload, com milhões de dólares sendo transferidos entre Hong Kong, EUA, Europa e Nova Zelândia. Um pedaço desse dinheiro voltou para crescer a operação do Megaupload, ou foi usado para pagar os super-usuários. A Mega grana também serviu como uma prática maneira de lavar dinheiro, como o departamento de justiça acusa claramente no inquérito.
Além de tudo isso, um pedaço grande do dinheiro foi simplesmente pro bolso dos caras. Só em 2010, Kim Dotcom, o fundador cruzamento de Dr. Robotnik com Larry Flint, embolsou US$ 42 milhões. O seu apreço por mulheres, coisas muito caras e excesso é bem documentada. No fim do ano passado, na sua tentativa de convencer (ou subornar) as autoridades da Nova Zelândia do seu direito de comprar a mansão que morava, ele investiu 500 mil dólares em fogos de artifício para a cidade de Auckland. Só porque ele podia. Aos olhos da polícia, ele era um bandido que fazia questão de aparecer demais. E se você está se coçando para punir alguém pela pirataria, por que ir atrás de mais um nerdzinho por trás do qualquercoisashare quando você pode pegar o figurão lavando dinheiro ao redor do mundo e comprando seu próprio show de fogos de artifício?
E mesmo assim, a história de pirataria do Megaupload rolava há tempos, e o materialismo obeso de Dotcom já tinha alguns anos de história. Por que semana passada? A jornalista Molly Wood, da CNET, tem uma teoria meio conspiratória que parece fazer sentido. Obviamente, está relacionada ao SOPA. As fontes dele disseram que a operação tinha como um dos focos despertar a ira do Anonymous e mostrar como é necessário policiar os “cyberterroristas”. Armadilha ou não, o Anonymous agiu, derrubando sites pelo mundo.
UPDATE: Há uma outra teoria, aparentemente mais crível: as gravadoras teriam se sentido ameaçadas pelo anúncio do MegaBox, um serviço de download legal de música anunciado por Kim Dotcom em dezembro. A estratégia do serviço seria dar 90% do dinheiro pago pelo download diretamente ao artista (em vez de 70% pago à gravadora, no caso do iTunes) e ainda uma parte da grana arrecadada com publicidade provinda dos downloads piratas. A história parecia boa demais para ser verdade (especialmente pela escolha de “parceiros” sem consentimento deles) e não foi recebida com muita empolgação nem pelos próprios artistas, receosos pela, digamos, “falta de transparência” e passado de Kim, como se pode ver por essa discussão no Digital Music News. Ainda assim, teoricamente é algo assustador para a indústria: um serviço com um alcance gigantesco, dando mais dinheiro para os artistas. Se isso seria o catalisador para dar cabo a uma ação sendo ensaiada há dois anos? Difícil dizer, mas é mais uma teoria.
Independentemente de qual a teoria correta, os agentes da justiça – especialmente os que tem como missão zelar pela propriedade intelectual – querem mais poder para matar sites como o Megaupload. Parece que eles não conseguirão através de novas leis, então pintar um alvo de uma maneira bastante pública e dramática é uma boa maneira de dizer “ei, nós não precisamos dessa sua sopa!”
Se este é o caso, o Departamento de Justiça deve estar sendo sufocado pela ironia. A destruição do Megaupload sem o SOPA prova quão fora de propósito era a lei pra início de conversa. Estes últimos dias são os “dias da guerra do copyright”, mas a decisão de explodir o rei da violação de direitos autorais de maneira tão espetacular apenas prova o quanto que a justiça não precisa de bombas maiores.
MegaUpload é tirado do ar pela justiça dos EUA - pirataria é só um pedaço da acusação

O MegaUpload, repositório onde 50 milhões de usuários de todo mundo diariamente buscavam arquivos, foi fechado hoje pelo FBI, em uma ação coordenada com polícias de outras partes do mundo. Em plena semana dos protestos anti-SOPA/PIPA, o Departamento de Justiça dos EUA conseguiu usar as atuais leis para justificar a retirada do ar de um site que teria causado “US$ 500 milhões em prejuízos de direitos autorais”. O MegaUpload diz que a grande maioria de seus arquivos é “legítima”, o que é bastante difícil de acreditar. Mas parece que a questão vai muito além da troca de arquivos com copyright. De acordo com o processo correndo na justiça dos EUA que o Wall Street Journal teve acesso, o MU é uma “organização criminosa mundial cujos membros participam de infração de direitos autorais e lavagem de dinheiro em uma escala massiva.”
Segundo o Verge, a ação cinematográfica do Departamento de Justiça inclui mais de 20 mandados de busca nos EUA e em 8 outros países, o bloqueio de US$ 50 milhões em dinheiro nos EUA, Holanda e Canadá e de mais de 18 domínios associados ao MegaUpload. A investigação foi liderada pelo FBI, mas contou com a participação da polícia de pelo menos outros 8 países. É possível ler o processo de 72 páginas aqui. Mas o que está claro é que a história é bem mais do que “produtoras bravas processam site de pirataria”. Kim Dotcom, o controverso fundador do site e 7 dos principais executivos estão sendo acusados também de promover “extorsão” e “conspiração para lavagem de dinheiro”, entre outras 3 acusações. Alguns já foram presos. De acordo com o processo, eles faturaram pelo menos US$ 175 milhões promovendo ações criminosas e se beneficiando de um esquema no qual as pessoas que mandavam arquivos ou baixavam pagavam algum dinheiro — nada muito diferente do cara que vende CD pirata na banquinha, pela lei, mas em uma escala bem mais milionária.
Kim Dotcom mora na casa mais cara da Nova Zelândia, perto de Auckland, onde ele foi preso. Ele apenas aluga o imóvel porque o governo neozelandês não permitiu que ele o comprasse devido a problemas anteriores na justiça. O site continua fora do ar enquanto escrevemos isso, mas certamente teremos novas informações sobre a história.

O pessoal do Anonymous voltou de um período de hibernação e começou a retaliar todos os prováveis envolvidos no caso MU. No início da noite, os sites da MPAA, RIAA, Universal Music Group e Departamento de Justiça Americano receberam ataque de negação de serviço, saindo do ar. A história certamente não para aqui, e o MegaUpload pode ser o repositório de arquivos mais rico (é um dos 20 sites mais acessados do mundo), mas está longe de ser o único. Veremos até onde vão as ações dos grandes estúdios e gravadoras, detentoras de direitos autorais, com ou sem SOPA.
[Giz US, WSJ, Verge, obrigado a todos que enviaram a notícia]
PS: Desculpem todo o dano causado pela demora em postar isso. Como alguns devem saber (e sofrer), o backbone internacional da Telefônica/Vivo/Speedy está parcialmente fora do ar, e não estávamos conseguindo postar coisa alguma desde antes das 18h. A coisa ainda está meio lenta.
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Apple quer mudar a experiência do livro didático com o iBooks 2

O iBooks 2 quer aproveitar todo o potencial do iPad para conteúdos interativos e aplicar isso aos velhos livros didático. Este potencial, aliás, já foi bastante explorado em apps como o Elements, que nos deixou babando logo no lançamento do primeiro iPad, e o Our Choice, de Al Gore, uma aula de como deve ser um livro didático:
Durante a demonstração da Apple hoje em Nova York, foram mostradas várias funcionalidades parecidas: toque na imagem para ver uma galeria, use o multitoque para dar o zoom naquele gráfico, faça buscas por palavras-chave no livro inteiro ou clique em links para ver mais detalhes. Há vídeos e sons também, como nos CD-ROMs da minha finada Encarta de 1997. Mas não desmereço a coisa. Tocar na imagem ou “sublinhar” algo com os dedos dá um feedback mais interessante, fora que hoje é tudo mais rápido. A primeira demonstração de hoje — um livro de biologia –, foi realmente fantástica. Modelos 3D de células, fotos interativas com multitoque, gráficos animados. Não sei se isso é mais efetivo em termos educacionais, mas divertido, sem dúvida.
Além do conteúdo mais “interessante” para essa geração de videogames, há boas ferramentas para o professor. Por exemplo: dentro do livro, no meio de uma página, é possível responder diversos tipos de questionários, bem mais interessantes que V ou F e múltipla escolha. Em um exemplo dado na apresentação, o aluno deveria associar as fotos dos ecossistemas a regiões dos EUA, arrastando um em outro. O feedback (você acertou! Estrelinha dourada!) é instantâneo e abre várias possibilidades. A ferramenta de marcação de texto também é esperta e tem, além de várias cores, uma reorganização automática: ela divide as suas coisas sublinhadas em cartões de memorização gigantes (algo bem comum entre os moleques americanos) para facilitar o decoreba. Eu tenho minhas dúvidas da efetividade de algo assim, já que há muito tempo prega-se que o fato de a criança reescrever o conteúdo de um livro didático com suas próprias palavras ajuda na fixação do conteúdo. Mas a educação como um todo precisa ser repensada, então a iPOSTILA (você leu primeiro aqui) pode jogar uma luz sobre o que é melhor.
Porque, acredite, os EUA estão passando por uma “crise educacional” que eles consideram séria. A apresentação mesmo começou falando como a educação da terra do Obama está na “Era das Trevas”, com seus estudantes com rendimento bem inferior aos de outros países desenvolvidos. As notas dos americaninhos em matemática e compreensão de texto não chega ao top20. Mudar o livro-texto pode ser uma saída.
(Veja o vídeo completo de apresentação do TextBooks on iBooks aqui.)
Os livros

Há meia dúzia de integrações interessantes, mas o iBooks por si só não é algo novo. O que o iBooks faz de novo então? Ele cria uma central de distribuição e desenvolvimento. Da mesma forma que o NewsStand criou uma “banca” para todos os apps de revistas e jornais, o iBooks 2 é uma loja e mochila para todos os livros didáticos: um mesmo app para ler, interagir e comprar.
É claro que a coisa é bonita no papel, mas só vai dar realmente certo se escolas, pais e editoras investirem. Neste sentido, a Apple tem uma grande vantagem sobre todos os outros concorrentes nos EUA, em especial no quesito “padronização do hardware” e distribuição — eles dominam o mercado de tablet com larga folga e continuam vendendo como água. O iPad foi o desejo número um da molecada americana no Natal e já há centenas de escolas colocando iPads no material didático. US$ 500 é caríssimo, mas vendo o preço de livros didáticos nos EUA (muitos na casa dos 80 dólares), o investimento pode se pagar.
Um problema em potencial é que os livros são arquivos bem grandes: o livro de biologia lindão apresentado hoje tem 2,77GB: eles diminuem o peso da mochila mas não o espaço em disco necessário. Então estamos falando de um investimento inicial de pelo menos 600 dólares, para o de 32 GB. É caro, mas considerando, de novo, a ampla distribuição do iPad nos EUA (o lugar das condições quase ideais de temperatura e pressão) e a aproximação da Apple com as principais editoras de livros didáticos, há uma chance de a Apple conseguir uma enorme dianteira neste mercado bilionário. Entre os parceiros apresentados hoje, vimos McGraw Hill, Pearson e Houghton Mifflin Harcourt, 3 empresas que representam 90% do mercado de livros didáticos dos EUA. E não são só os “livros-texto”. A DK Publishing, que faz aqueles livros de mesa de centro (Dinossauros!) também está trabalhando junto. Se você é meio velhinho para ler livros didáticos e tem o iPad, baixe o Life on Earth, de E.O. Wilson, que terá os dois primeiros capítulos de graça.
E espere muitos livros novos em breve porque, além de tudo, não parece ser extremamente complicado criar novos livros didáticos para o iBook.

O iBooks Author
Um grande pedaço da conferência de hoje foi dedicado ao iBooks Author, a ferramenta de criação de livros didáticos gratuita, disponível hoje na App Store do Mac. Ela é um cruzamento do Pages com o Keynote (ou Word e PowerPoint) que pareceu bastante intuitiva. Há diversos templates, então se você quiser criar um livro de Química basta selecionar aquele modelo e começar a arrastar seus textos e fotos de lá. Elementos interativos podem ser feitos a partir de modelos também, ou importando coisas em javascript ou HTML5 (sorry, Flash).Não faltaram hipérboles ao pessoal da Apple, e Phil Schiler caprichou ao definir o iBooks Author: “se você já esteve envolvido no desenvolvimento de um eBook, sabem que isso é um milagre.” Gostei de “milagre”, é um adjetivo para quem estava cansado de “mágico”, mas Schiler tem razão no sentido de custos. Apps como Our Choice são caríssimas para serem desenvolvidas, e a nova ferramenta parece, pela rápida volta que eu dei aqui, possibilitar coisas boas de maneira mais rápida/barata. O que deve reduzir o preço dos livros-didáticos (os primeiros custam US$ 14). Aí está a oportunidade para os brasileiros.
E o Brasil?
Não temos iPads, computadores e smartphones por todos os lados, aqui tudo é caro e ainda há o problema de segurança. Mas já está claro que o tablet pode ser uma boa ferramenta educacional, e várias escolas estão experimentando com isso. Por enquanto, centros de ensino como o COC escolheram ferramentas customizadas rodando em tablets baratos e não muito bons, mas se a experiência do livro didático for notadamente superior no iPad — como parece ser –, as escolas podem migrar para a ferramenta da Apple. Não falo de escolas públicas ou mesmo a maioria das particulares. Mas não tenha dúvidas de que o iBooks Author poderá rapidamente ser usado para criar iPOSTILAS em cursos de pós e faculdades mais caras, ou mesmo nas melhores escolas particulares, que não raro batem os R$ 2 mil de mensalidade, sem contar com o custo da lista de material no início de ano.É esperar para ver como a concorrência reage e pode ser um pouco cedo para falar isso, mas neste mercado especificamente, a Apple acertou em cheio. Ela tem um hardware padronizado e amplamente distribuído, acordos com os principais fornecedores de conteúdo e uma ferramenta de desenvolvimento e distribuição incrivelmente azeitada. Vejo espaço para soluções mais baratas (eBooks simples em tablets de R$ 400, por exemplo), mas no topo da tecnologia, acho difícil alguém destronar a Apple neste segmento.
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